Pensa em marcar a sua primeira consulta de psicologia, mas tem vindo a adiar por não saber o que esperar deste processo, se realmente precisa de acompanhamento psicológico, o que falar na primeira consulta?
Então este artigo, poderá ajudá-lo(a) a desconstruir algumas destas questões.
Em psicoterapia é esperado um processo ativo de autodesoberta, aceitação e mudança. Psicólogo e paciente envolvem-se num compromisso de trabalhar para que o paciente atinja os seus objetivos terapêuticos, supere os seus problemas e/ou sintomas que o levaram a procurar ajuda.
É natural que numa primeira consulta possa sentir alguma ansiedade sobre o que falar, algum desconforto por estar a abordar questões tão pessoais, tantas vezes silenciadas ao longo dos anos, com um profissional que não conhece. Afinal, os assuntos que abordamos com um psicólogo envolvem questões íntimas e é natural que possa sentir inicialmente alguma resistência, vergonha, medo, dúvidas. Contudo, esses sentimentos devem ir diminuindo à medida que há uma continuidade do processo, em que vai comprovando que a fala e a escuta terapêuticas são diferentes daquelas que tem com amigos ou familiares. A relação terapêutica que vai estabelecendo com o psicólogo ao longo do processo é a chave para a sua evolução. Uma relação que se espera de confiança, honesta e segura.
“Quando podemos falar sobre os nossos sentimentos, eles tornam-se menos perturbadores, menos assustadores.” (Fred Rogers)
Um dos aspetos mais interessantes sobre a terapia é que as pessoas procuram respostas e ficam frustradas se não as encontram no imediato. Aquelas que por outro lado, vão em busca de perguntas, sentem-se bem e fazem um ótimo progresso. A terapia ficou conhecida como uma atividade onde encontramos respostas. Em certa parte, sim. Mas encontramos sobretudo muitas e muitas perguntas. O psicólogo não é o profissional que tem todas as respostas para a sua vida, ele tem as perguntas. Os psicólogos não dão as respostas, primeiro porque não tem as suas respostas e em segundo lugar, porque interessa-lhes que seja você a aprender o raciocínio. Em terapia criam-se as respostas. Não sabemos o que é melhor para si, é você quem sabe. Nós, psicólogos, somos aqueles que o guiam e ajudam a reconhecer os seus potenciais, os seus recursos, crenças, as suas fragilidades, e a usá-las de uma forma adequada e segura para si, para chegar ao que é melhor para si. A ideia de que o psicólogo tem as respostas de antemão é errada, ele tem sim as perguntas. Isto porque estuda a mente, o comportamento e organiza-se para ajudar tudo isso a funcionar. As perguntas são os recursos. Sem elas não há terapia.
1. Quando devo consultar um psicólogo?
Pode simplesmente experimentar fazer terapia sem esperar sentir-se doente ou porque tem percebido e observado alguns sinais e sintomas que parecem começar a ficar fora do seu controlo, geradores de desconforto e mal-estar permanente. Embora sejam estes últimos os motivos pelos quais a maioria das pessoas recorre à terapia, existem outros igualmente legítimos, nomeadamente a procura numa ótica de prevenção de doenças do foro psicológico, de desenvolvimento pessoal, cujo objetivo é a melhoria da qualidade de vida.
2. O que esperar da consulta de psicologia?
Acolhimento: Independentemente do tipo de abordagem utilizada pelo psicólogo, irá sentir-se acolhido, ouvido e respeitado nas suas narrativas;
Confidencialidade: O psicólogo está abrangido pelo dever da confidencialidade, pelo que todo o conteúdo das sessões ficará em sigilo do profissional;
Ausência de julgamentos: O psicólogo é um profissional que está ali para o ajudar, não tendo consigo qualquer vínculo familiar e/ou social, adota uma postura neutra, não emitindo quaisquer juízos de valor ou julgamentos. O objetivo é a identificação das questões a trabalhar ao longo do processo e as suas necessidades.
Prática baseada em evidência: A psicologia é uma ciência. Portanto, todo o processo psicoterapêutico segue procedimentos e técnicas estudadas e validadas cientificamente através de uma vasta investigação. O psicólogo rege a sua conduta por um código de ética rígido e não irá emitir opiniões pessoais, tecer qualquer tipo de críticas ou fazer por si escolhas e tomadas de decisão. Toda a conduta do psicólogo e qualquer pontuação, diagnóstico e tratamento seguido será sempre baseado em evidências científicas.
Da sua parte, é esperado um compromisso com este processo. Uma vez iniciado o acompanhamento, é importante que vá aumentando o seu compromisso com a terapia, a assiduidade às consultas, o à vontade com o seu psicólogo. Não encarar a consulta como mais uma tarefa obrigatória do seu dia, ou como um sacrifício, mas sim como uma hora e um espaço de autocuidado, de investimento em si, no seu bem-estar, na sua saúde. Este será sempre um espaço seu. Na primeira consulta e seguintes terá oportunidade de expor todas as suas dúvidas ao seu psicólogo, terão oportunidade de discutir a frequência das consultas, e demais questões que envolvem um processo desta natureza. É importante que vá comunicando ao seu psicólogo possíveis desconfortos, para que juntos os possam ultrapassar. O processo terapêutico não se extingue naquela hora de consulta, o que se trabalha em terapia deve ser motivo de reflexão no seu dia-a-dia, nas suas atividades, onde terá oportunidade de ir testando novas ferramentas, habilidades e ganhos da terapia, para traçar o seu caminho de mudança.
É fundamental saber esperar pelos resultados. Não espere resultados imediatos, ou não todos aqueles que deseja alcançar. A terapia requer tempo. Como processo que é requer tempo, um trabalho que permita chegar a resultados sustentados. Embora possa ser pautada por momentos densos e complexos, o evoluir desta parceria entre psicólogo e paciente é algo muito compensador.
A nossa saúde mental é a espinha dorsal do nosso bem-estar. Faça do seu autocuidado uma prioridade.
@ Teresa Alves, Psicóloga

