Relação terapêutica: O veículo para a mudança

Iniciar um processo terapêutico é ainda um desafio para muitas pessoas. Uma das formas mais efetivas para superar esta resistência inicial poderá ser o investimento na relação terapêutica. Esta relação vai sendo construída ao longo de todo o processo, mas que é definida desde o primeiro contacto, se o paciente tem desde a primeira sessão uma experiência positiva com o terapeuta. A relação terapêutica constitui-se uma componente primária do processo. É a partir desta relação (bem conseguida) que o paciente se sentirá confortável o suficiente para uma narrativa mais completa, pois esta favorece um maior compromisso e envolvimento com a terapia e superação de eventual resistência inicial. Fatores como sentir-se acolhido, respeitado, ser recebido com escuta ativa, atenção, competência e empatia, sentir-se respeitado nos seus silêncios e palavras, são indicadores de uma relação segura e é a partir deste vínculo que a mudança se pode efetivar.

Também o reconhecimento deste fator, por parte do terapeuta, é preponderante para uma condução mais eficaz do processo. A produção de espaço de trocas, fala e escuta, de cumplicidades e responsabilidades, de vínculos e aceitações, são frutos de um trabalho clinicamente implicado. Com frequência, o paciente faz relatos nunca antes partilhados no seu circulo pessoal. E se alguns apresentam facilidade desde um primeiro contacto, o contrário também pode acontecer e podem levar algumas sessões até que consigam expor determinadas experiências, queixas ou dificuldades. E é por tudo isto que as primeiras sessões são muito centradas nestes alicerces, confiança, segurança e confidencialidade. São estas bases que uma vez consolidadas, permitem um ambiente seguro, estando facilitada a intervenção.

Uma relação terapêutica bem estabelecida é aquela que deixa implícito algo muito interessante: a importância da participação ativa do cliente na terapia e no seu próprio processo. O terapeuta por sua vez, tem o papel de favorecer o desenvolvimento do processo individual, permitindo que este aconteça. E é essa relação que se estabelecerá que será vista como um esforço colaborativo entre terapeuta e paciente. É este o meio através do qual são facilitados os principais aspetos de mudança.